Imagine...
Uma rapariga abraçava o namorado com força. Tinha os olhos fechados. Eram como o canto sujo de uma sala. Tudo o que os rodeava, era um bairro maioritariamente de cimento, sem cor nem vida. Um drogado passava, arrastando-se, um mendigo sentado num banco de jardim estava cabisbaixo, enquanto uma mãe passava com os seus cinco filhos, sem marido. Era uma paisagem triste. Apenas havia um sinal de alguma felicidade, ao pé de um candeeiro que todas as noites ilumina o campo de futebol de pedra. Juntos a esse candeeiro, dois namorados abraçavam-se, ela com os olhos fechados, ele olhava para ela com um brilho nos olhos. Então, como se acordasse de um momento para o outro, ela abriu os olhos e reparou na triste vida que havia á sua volta.
'Não achas triste?'
'O quê?'
'Tudo... olha à tua volta. Parece que o mundo nos quer tirar a felicidade.'
'Pois parece... Mas isso não quer dizer que tire não é?'
'É? Não sei... Diz-se que a felicidade contagia, mas a tristeza também. Se reparares o mundo é triste. Nalgum lugar deve ter começado essa tristeza toda.'
'Mesmo assim, nós não temos que perder os nossos sentimentos por isso.'
'Tens razão... Sabes, quem me dera sair daqui.'
'Então... porque não sais?'
'Porquê? Quer dizer... Não posso ir-me embora assim do nada. Não teria sitio para viver nem nada.'
'Não me percebeste. Porque não sais deste mundo?'
'Do mundo? Como assim, sair do mundo?'
'Ah... Nunca quiseste voar?'
'Voar? Que raio de pergunta é essa? Não posso voar?'
'Claro que podes! Toda a gente pode fazer o que quiser. Basta querer.'
'Não te percebo.'
'Eu mostro-te. Fecha os olhos.'
'Ok'
'Concentra-te em nós. Só nós dois. Sem nada disto á nossa volta. Nem esta miséria toda, nem ninguém.'
'Ok..'
'Agora imagina o que mais gostares, á tua volta. Cria o teu mundo. Só teu, à tua volta.'
'Já está...'
'Abre os olhos...'
Ela abriu os olhos, e viu tudo o que ali não existia... Á sua volta, estavam campos verde infinitos, pássaros, borboletas. Não havia ninguém. Nem nenhum drogado... Nem nenhum mendigo. Não havia mais miséria, apenas um Sol imenso nem céu sem nuvens. E ela, estava a frente dela.
'Como é que isto é possivel?'
'É possivel, na tua cabeça... Ninguém no mundo imagina nada. Todos andam demasiado depressa para imaginarem... Eu quero imaginar contigo... É um mundo nosso. Nas nossas imaginações ninguém toca.'
'Tens razão... Vamos voar...'
E os pés de ambos, descolram do chão, e voaram. Ela nunca sorrira tanto.
'Amo-te...'
E beijaram-se, no ar. Onde ninguém os apanhava.
Muito longe desse mundo, dois namorados beijavam-se juntos a um candeeiro, olhados com inveja do mundo sem cor e banal. Rodeados de um bairro de cimento sem cor e de pessoas miseráveis, incapazes de imaginar numa vida melhor.
Este texto até se pode dizer verdade. O mundo já não imagina nada. As pessoas correm, e não pensam nas pessoas de que gostam. Imaginem... foi para isso que escrevi este texto.
VC
3 Comments:
É bom imaginar, e sonhar bem alto, como se não houvesse este mundo.
Eu tnho dois mundos, mas tambem ninguem precisa de saber.
já ninguem sabe o q é sonhar..
Mas se nao sonharmos, a tristeza apodera-se de nós, e isso nós nao queremos, ou queremos?
Bom post GA
Adoro-te****
Gostei, Vítor!
Gosto de sonhar e não ter medo das alturas desses sonhos.
Beijinho
tb qero um namorado assim ^^
Eu sonho ! ng m impede a cabeça é minha faço dela o q qzr =)
rita*
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