Quieto, Esperando o Final
Senão querem ler cenas que se arrependam, não leiam isto.
Há quanto tempo estou aqui? Não faço ideia. Não sei como aqui vim parar. Mas sinto-me bem aqui.
Não consigo mexer nenhum musculo do meu corpo. Nem pernas, nem braços. Será que ainda os tenho? Estarei mutilado? Não os sinto. Não consigo mexer o pescoço para tentar ver o que se passa á minha volta. Será que o meu corpo está aqui comigo? Claro que está. Eu apenas não o sinto. Apenas sinto a cara, mas não a posso mexer. Posso mexer a boca, mas estou demasiado dorido para sequer tentar. Sinto o sangue seco na cara, espesso o suficiente para saber que é muito. Tenho a consciencia que ninguém me vai encontrar vivo neste canto remoto. Mas por alguma razão, isso não me incomoda. Estou bem assim. Parado, a olhar para o céu de dia, para a Lua e para as estrelas de noite. É tudo mais simples quando sabemos o que esperar. Sei que não duro mais que uns dias, se é que duro mais que um dia, no entanto, durante este tempo pensei mais do que em toda a minha vida. Talvez Deus me tenha tirado os movimentos, a olhar para o céu de propósito. Para me aperceber que o mundo não anda rápido demais. Nós é que não paramos quietos. Não apreciamos nada. E quando morremos, velhos, dizemos "Oxalá houvesse mais tempo". O tempo nós temos. Não temos é paciencia. Agora que me sinto mergulhar no sangue de quem quer que tenha morrido neste sitio, não sei porquê mas sinto-me bem. Sinto-me bem porque finalmente acabaram-se os gritos de horror e os ruidos da guerra. Os arranhões e dentadas e tiros de quem me queria matar, e que a curto ou a longo prazo conseguiu. Vou morrer, mas vou descansado. Já ninguém me segue.
Não me mexo, não sinto nada. Apenas o sangue ainda quente de quem aqui morreu antes de mim a molhar-se o cabelo e a cara. Sinto-o a escorrer pelo meu exófago, a para no meu estomago, mas não sinto vontade de vomitar... Não quero vomitar. Quero morrer assim. Todos vivemos apenas por viver, mas neste últimos dias que estou aqui, vivi mais que em toda a minha vida. Olhei o Sol, olhei as estrelas e a lua. Senti a humidade lavar-me a cara de manhã. Os pássaros passaram por cima de mim. Não sei onde estão os meus amigos e companheiros, se mortos ou vivos. Mas quero pensar que estão como eu, quietos, a olhar para o céu, à espera do final. E o final... eu espero por ele. Eu só sentir a última sensação da minha vida. Fechar os olhos e dar um último suspiro carregado, cuspindo o sangue que ainda não saiu... Ele que venha, não o temo. Apenas quero dormir... Descansar...
Talvez algo pesado, talvez uma boa merda... Mas foi o que saiu... Dias de mais inspiração chegarão...
Obrigado,
VC
5 Comments:
Demasiado pesado.
Mas bom, claro.
Espero bem q seja so impressao minha
Adrt »GA *
Duas coisas que aparecem novamente na tua escrita: morte e a figura de Deus. Não digo que é mau isto acontecer, nada disso, acho que apenas estás a construir a tua escrita deste teu capitulo (o que eu acho muito bem).
Acho que tens um bom começo, mas depois vai ficando um pouco pior. tens de experimentar o factor surpresa, não revelando logo que estava a morrer, fazendo um retrato do estaod em que está para quem ler começar a pensar e a pensar.
Só opiniões, pá! mas de resto, continua, man!
Ainda me surpreendes =)*
Rita
Meu,era msm isto k precisavas eskrever.Paperbag tem razao em certos aspectos,mas d kk maneira n vjo uma mentira nesse texto e kd tens a aprovaçao cujo o nome é desentupidor de sanitas ganhas mto credito.Agr é k me ocorreu:"se kalhar kom este nome n sou levado a serio".
...
"É tudo mais simples quando sabemos o que esperar"Axo k kada dia xeiras + a azeite.Mas belo post
Simplesmente...lindo.
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